domingo, 21 de agosto de 2011

SOBRE A QUALIDADE DOS CURSOS PRESENCIAIS E NÃO-PRESENCIAIS


Abril/2002

Moran vai dizer que um bom curso é aquele que nos empolga, nos surpreende, nos faz pensar, nos envolve ativamente, traz contribuições significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e idéias interessantes. Depende de um conjunto de fatores previsíveis e de uma “química”, uma forma de juntar os ingredientes. 
É preciso para um bom curso que tenhamos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar, que atraia pelas suas idéias e pelo contato pessoal. Enfim, que surpreenda nas relações que estabelece: na forma de olhar, de comunicar-se e de agir. Vai depender também dos alunos: que sejam curiosos, motivados, que facilitem o processo, estimulem as melhores qualidades do professor e tornem-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador. Depende ainda que se tenha administradores,diretores coordenadores mais abertos, capazes de atender todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro. Que apóiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e humano, em prol de um ambiente de inovação, intercâmbio e comunicação. E finalmente, precisamos para desenvolver um bom curso de ambientesricos de aprendizagem, com uma boa infraestrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas, laboratórios, etc. Porque a aprendizagem não se faz somente na sala de aula, mas em diversos espaços de encontro, de pesquisa e de produção. 
Um dos grandes problemas em educação a distância, para o autor,  é o ambiente reduzido ainda a um lugar onde se procuram textos, conteúdo. E para ele um bom curso é mais do que conteúdo: é pesquisa, troca, produção conjunta. É preciso na educação a distância de materiais mais elaborados, mais auto-explicativos, com mais desdobramentos (links, textos de apoio, glossário, atividades...), capazes de suprir a menor disponibilidade ao vivo do professor. Moran vai dizer que para isso necessitamos de uma equipe interdisciplinar composta por pessoas da área técnica e pedagógica, que saibam trabalhar juntas, cumprir prazos e dar contribuições significativas. Porque é necessária uma boa interação entre todos os participantes do curso, do estabelecimento de vínculos e de fomentar ações de intercâmbio.

”Quanto mais interação, mais horas de atendimento são necessárias. Uma interação efetiva precisa de ter monitores capacitados, com um número equilibrado de alunos. Em educação a distância não se pode só ‘passar’ uma aula pela TV ou disponibilizá-la num site na Internet e dar alguns exercícios”.  
É preciso um planejamento bem elaborado, mas sem rigidez excessiva, flexível, com liberdade e criatividade. E para se avançar é preciso adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado. Fazendo do curso uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. A flexibilidade é que vai permitir a adaptação às diferenças individuais, respeitando os diversos ritmos de aprendizagem, integrando as diferenças locais e os contextos culturais. A organização vai nos permitir gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecendo os parâmetros fundamentais. Há de se respeitar ainda as diferenças de estilo de professores e alunos. São processos de ensino-aprendizagem personalizados, sem descuidar do coletivo. O professor tem a liberdade de aplicar o seu estilo pessoal de dar aula, sentindo-se confortável para conseguir realizar melhor seus objetivos, com avaliação contínua, aberta e coerente. 
Para Moran um curso tanto presencial como a distância será sempre caro, pois envolve qualidade pedagógica e tecnológica. E para ele não se improvisa qualidade, ela tem sempre um alto custo. Mas esse custo vale a pena, porque só assim se pode avançar de verdade.


 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
O que é um bom curso a distância?
José Manuel MoranProfessor de Novas Tecnologias no Programa de Educação e Curriculum da PUC-SP Assessor do Ministério de Educação para avaliação de cursos a distância 
Coordenador de Tecnologia da Faculdade Sumaré – SP
 

 
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC

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