domingo, 21 de agosto de 2011

OS RUMOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) NO BRASIL


Abril/2002

No período de 26 a 28 de março de 2002, aconteceu o I Congresso Brasileiro de Educação Superior a Distância (I ESUD), congresso organizado pela UniRede - Universidade Virtual Pública do Brasil, oCederj - Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro, e a Aiesad - Asociación Iberoamericana de Educación Superior a Distancia. O evento realizou-se em Petrópolis, RJ onde pela primeira vez no país reuniram-se os principais teóricos e executores da Educação Superior a Distância desenvolvida no Brasil. Foram 50 expositores, entre especialistas estrangeiros que fizeram suas exposições para uma média de 400 pessoas. Com o objetivo de traçar diretrizes e executar ações para aprimorar a formação de recursos humanos capazes de enfrentar os desafios da sociedade da comunicação e da informação e as inovações requeridas nos novos cenários da ciência e tecnologia, demandas do novo século. 
Eduardo Machado – SESU/MEC nos informou que ao final de 2001 foi tomada a decisão no Ministério da Educação de realizar um processo de revisão da legislação e dos procedimentos de supervisão e avaliação relativos à educação superior a distância. Foi decidida e efetuada a designação, pelo Ministro, de uma comissão de especialistas para assessorar o Ministério da Educação, por intermédio de sua Secretaria de Educação Superior, na preparação de uma proposta de revisão a ser discutida com a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE) e encaminhada para decisão final e implementação.  
Foi proposto, e está em vias de contratação, um estudo, com relatório preliminar previsto para junho, e final para agosto de 2002 sobre a situação presente da educação superior a distância no Brasil, com o objetivo de subsidiar o estabelecimento de uma estratégia e política, a ser amplamente discutida, para o ensino superior a distância no Brasil. 
Esther Hermes Lück, Pró-Reitora de Assuntos Acadêmicos da Universidade Federal Fluminense; Presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras (FORGRAD); e Membro da Comissão de Estratégias Acadêmicas do Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro – CEDERJ falou sobre  referenciais, políticas institucionais e legislação da educação a distância no Brasil. Para ela a educação é uma prática social que pode dinamizar outros processos sociais importantes para a conquista de uma vida pública que se organize na busca da construção de uma sociedade inclusiva. E que a educação passa a ocupar juntamente com a política de ciência e tecnologia um lugar central e articulado na pauta das macropolíticas do Estado e para ela é imprescindível que haja hoje nas escolas uma educação para a tecnologia. Em sua opinião a Educação a Distância é mais uma modalidade de organização das atividades de ensino das instituições que pode contribuir para maior dinamização dos projetos educacionais. Para a implantação de políticas de Educação a Distância nas Universidades Brasileiras deve-se dar ênfase às políticas institucionais, políticas públicas e legislação. 
Francisco Botelho, diretor de Tecnologia Educacional e Educação a Distância da Universidade Católica de Brasília (UCB); Coordenador do Comitê Gestor da Rede de Instituições Católicas de Ensino Superior – Comunidade Virtual de Aprendizagem (CVA-RICESU); e Coordenador Geral do Convênio Internacional com Instituições Universitárias Salesianas – Curso / Aprendizagem Cooperativa e Tecnologias Educacionais, em Estilo Salesiano, nos informou que a CVA-RICESU Comunidade Virtual de Aprendizagem da Rede de Instituições Católicas de Ensino Superior é uma rede de Instituições Católicas de Ensino Superior, localizadas em diversos pontos do território brasileiro, que passa a formar uma Comunidade Virtual de Aprendizagem dentro do espírito humanista e ético.
É uma Comunidade comprometida com a diversidade e o pluralismo de idéias e visa a formação integral do ser humano e o desenvolvimento do pensamento crítico, do espírito de solidariedade, da cooperação e da autonomia por meio da construção do conhecimento. E desenvolve processos e produtos educacionais que tenham como foco a interação entre os agentes da aprendizagem na busca permanente de inovação educacional.
Segundo ele a Comunidade tem como objetivo compartilhar e oferecer novos espaços de aprendizagem mediada pelas tecnologias da informação e da comunicação, possibilitando à comunidade educacional brasileira participar de ambientes de aprendizagem e de educação permanente em diversas áreas do conhecimento.
Ariovaldo Bolzan da Universidade Federal de Santa Catarina falou sobre a individualidade no ensino a distância, dizendo que há uma quantidade e variedade de iniciativas nesta modalidade, desde atividades individuais a ações de grupos institucionais e empresariais, todas com o objetivo comum de propiciar e facilitar a construção do conhecimento. Para o palestrante a construção do conhecimento é individual e intrínseco, e é presencial. À distância as pessoas acessam dados e informações que estão disponíveis nos meios de comunicação e a partir daí é que constroem o conhecimento. Em sua opinião, por causa disso, os ambientes de ensino a distância devem considerar as individualidades, no tocante a forma de aprender, pois as inteligências são múltiplas. Daí necessitar-se de ambientes flexíveis que possam atender as mais variadas características individuais.
Liane Tarouco, professora titular no Departamento de Estudos Especializados da FACED/UFRGS; Vice-Coordenadora do Programa de Doutorado em Informática na Educação da UFRGS (Teleducação); Pesquisadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência da Computação da UFRGS (Gerência de Rede); e membro do Comitê Gestor MEC/MCT da RNP-Rede Nacional de Pesquisa falou que com o crescimento e a capilarização da Internet tornou possível utilizar novas estratégias para apoiar a aprendizagem a distância, oferecendo novas possibilidades para o processo de ensino-aprendizagem envolvendo a mediação do processo de comunicação por meio de serviços baseados no www, vídeo interativo e realidade virtual. Salas de bate-papo, mural eletrônico, quadro compartilhado, fórum, áudio e videoconferência são recursos da Internet que podem ser utilizados como suporte à comunicação, permitindo ampliar a interação e comunicação em atividades de EAD, e estes mecanismos ganham relevância na medida em que uma nova maneira de produzir conhecimento vem se instalando com o computador, colocando a possibilidade de aprender-fazendo. O educando assume uma postura ativa, interagindo, dialogando, selecionando informações e atribuindo-lhes significados.
Leda Maria Rangearo Fiorentini, pedagoga, professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, atua na área de confluência Tecnologias e Educação, em cursos de pós-graduação e graduação, ministrando disciplinas de Didática, Metodologia da Pesquisa em Educação a Distância e Tópicos Especiais de Tecnologias em Educação sobre Educação a Distância. Vem atuando na Universidade Virtual Pública do Brasil-UniRede, desde o princípio, na elaboração de seus projetos de curso; é coordenadora pedagógica do Curso a distância “TV na Escola e os Desafios de Hoje”, coordenando a produção (em colaboração) de seus três módulos (três volumes impressos e onze vídeos), além de um Guia do Curso para os alunos (impresso e vídeo) e um Manual de Orientação Acadêmica aos tutores (impresso); participa da avaliação do curso em colaboração com as universidades que o ofertam. Coordenou (em colaboração) a elaboração do texto escrito do Módulo 1: “Fundamentos Políticos de Educação e seus reflexos na Educação a Distância” do Curso de Formação em EAD, para profissionais das universidades integrantes da UniRede. A palestrante procurou explorar em sua fala as características e estratégias de elaboração, análise e compreensão de textos escritos a partir do aproveitamento de suas características expressivas e de organização das mensagens, tendo por referência o papel ativo do professor autor e do sujeito aprendiz. Para Leda o docente é responsável pela promoção da aprendizagem de estratégias cognitivas e metacognitivas que favoreçam a compreensão e a aquisição de conhecimentos a partir de textos e no fazer com que as informações e os materiais sejam usados de modo intencional, não aleatório e teleologicamente orientados  nas atividades educativas, porque não possuem um valor de per si. A experiência própria (direta) sobre a realidade e a experiência de outros indivíduos (indireta), proporcionam conhecimentos diferenciados ou nuances distintas de um mesmo conhecimento. Sua possível relevância e significação apresenta-se em função dos propósitos, das concepções norteadoras das ações e da importância para a aprendizagem pretendida, na medida em que mediam as relações e atividades dos sujeitos (professor – alunos - comunidade) e o conhecimento, organizando-se à luz dos condicionantes histórico-culturais, das relações espaço-temporais, da estrutura organizativa da comunidade e da trajetória pessoal e de formação dos participantes. Daí a relevância de se trabalhar de modo flexível, com problemas reais, adotando variadas posições de interpretação e vivenciar múltiplos papéis em contextos realistas, articulando conhecimentos declarativos, procedimentais, atitudinais, fomentando múltiplas formas de representação e a consciência do processo de autoconstrução da aprendizagem (metacognição), estimulando a busca de soluções em grupo, o diálogo entre alunos e professores e questões de estudo que favoreçam o desenvolvimento de múltiplos saberes.
Lúcia Helena Vendrúsculo Possari, Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP; Professora do Depto. de Letras da UFMT há 21 anos; Professora do Depto de Comunicação Social da UFMT (habilitação Rádio e TV), desde 1997; Professora do Mestrado em Educação da UFMT (área: educação e linguagens) desde 1989; e Coordenadora da Comissão de Exame Vestibulares – CEV da UFMT desde março de 2000. Também foi Coordenadora e Professora do Mestrado em Educação da UNIC de 1998 até agosto de 2000. A palestrante discutiu as condições de produção de material didático para EAD. Para ela são pontos básicos: o Plano de Produção, Plano da Recepção e Conceitos de Interação/Interatividade.
Para Lúcia Helena a educação a distância é aquela que propõe a construção de conhecimentos elaborados, num processo dialógico em que os pólos interajam para a produção de sentidos. Daí a necessidade de se construir significados na materialidade de textos verbais, não verbais, impressos ou para a rede. Esse processo deve dar estrutura, edificar, fabricar, dispôs, arquitetar, formar, conceber, elaborar. A construção é determinada pela situação comunicativa, pelas identidades sócio-históricas dos participantes (autor-professor/leitor-aluno) assim como dos objetivos da interlocução.
Ilda Estella – UFPA, versou sobre a construção e (re)construção de conhecimentos sobre a auto-avaliação institucional inserida no contexto da educação a distância, partindo do pressuposto de que a avaliação institucional deve ser um processo democrático, reflexivo, crítico e co-participado pela comunidade acadêmica. Para ela a avaliação é um mecanismo social, que amplia as bases do conhecimento sobre a realidade para reorientar e indicar possíveis soluções para o aperfeiçoamento institucional.
Para Ilda é preciso traçar um elo entre  a pesquisa-ação e a auto-avaliação de instituições de ensino de educação superior a distância, fundamentada numa forma de avaliação  co-participativa, propiciando melhores condições para a  análise contextual e a adequada tomada de decisões, configurando-se a instituição como um espaço sócio-relacional e unidade nuclear de mudança em que interagem  seus membros gerando princípios e regras para uma  prática inovadora. 
Para Maria Lúcia C. Neder – UFMT a EAD possui características e peculiaridades próprias que vão determinar os caminhos a serem percorridos na busca de compreensão da realidade a ser avaliada. Para ela antes mesmo de se definir os elementos, os percursos, os métodos, os instrumentos que devem ser trabalhados no processo de avaliação ligada à EAD, é necessário que se tenha presente que a avaliação é uma prática educativa, assim é preciso reflexões e compreensões a respeito da educação que é uma prática social capaz de dinamizar outros processos sociais importantes. Assim para a palestrante a educação deve ter como finalidade maior contribuir para a emancipação de sujeitos históricos, capazes de construir seu próprio projeto de vida e atuar, significativamente, na construção de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais equânime, mais democrática e mais humana. Desta forma a educação tem que ser organizada e desenvolvida como ação planejada tanto no plano político como no plano pedagógico. Portanto qualquer processo de avaliação deve ser referendado por propostas consubstanciadas em Projetos Políticos Pedagógicos que é a forma como a ação educativa se desenvolve. Desta forma o projeto deve ter como objetivo propiciar condições para uma formação que abranja não só a dimensão da competência em termos de conhecimentos técnico-científicos exigidos pelo mundo do trabalho, mas também a dimensão da competência política, social, cultural, ética e humanistica que a formação do cidadão requer. E todo o Projeto Político Pedagógico deve ser construído e vivenciado por todos os envolvidos no processo educativo, tendo como elementos fundamentais as finalidades, a estrutura organizacional, o currículo, o processo de gestão e a avaliação.
Para Maria Lúcia num processo de avaliação de um Projeto de Educação a Distância duas dimensões devem ser trabalhadas: a proposta pedagógica do curso (diretrizes, princípios, proposta curricular) e a modalidade de organização do curso (rede de comunicação e processo de gestão)
Elizabeth Rondelli (rondelli@ufrj.br) da Universidade Federal do Rio de Janeiro levanta para efeito de discussão algumas questões sobre a passagem do ensino presencial ao não presencial. Para ela não devemos continuar tratando a educação a distância como algo separado da educação presencial, mas buscar a construção de políticas acadêmicas para que essa dicotomia não seja tão radicalmente expressa. Segundo Elizabeth nos currículos e disciplinas do ensino superior presencial há rígida temporalidade dos semestres e carga horárias semanais, assim como do currículo como um todo. Esta temporalidade é estabelecida pela noção da presença e da organização do período em dias da semana, número de meses/semestre, ano letivo, avaliação, férias. A palestrante deixa algumas indagações, dentre outras, tais como: Como operar novos modelos a partir de uma gestão acadêmica em que o conceito de organização temporal é tradicionalmente tão arraigado? E os conceitos de disciplina e currículo, tal como adotamos tão acrítica e naturalmente, é adequado? Como migrar conjuntos de disciplinas e currículos presenciais para não-presenciais? Como impedir que os cursos de educação a distância não sejam ghetos isolados nas universidades presenciais? O uso intensivo dos laboratórios de informática na graduação é uma solução adequada? Como poderiam ser incrementados? Que atividades poderiam ser neles programadas? Como novas noções de freqüência a disciplinas e ao desenvolvimento dos currículos poderiam ser incorporadas? Com uma nova abordagem, como contar a carga horária e a produtividade docente? Como quantificá-la e como qualificá-la? Como considerar a carga horária do trabalho não presencial do professor e do aluno? Como medir o tempo para efeito de carga horária das disciplinas e dos currículos?
Estabelecer núcleos de produção de materiais didáticos em diversas áreas de conhecimento seria uma solução? Como funcionariam, o que produziriam, como seriam colocados como apoio à oferta das disciplinas? Se a virtualização de disciplinas ou de seus conteúdos é almejada, é possível ter um banco de materiais digitais para o aprendizado? A quem pertenceria esses bancos, quais os domínios dos direitos autorais sobre eles? Como superar o modo de organização taylorista do trabalho dos nossos cursos presenciais para outro modelo de gestão radicalmente diferente, de modo a não torná-los tão anacrônicos em relação às novas características organizacionais dos setores produtivos de um modo geral? Que encaminhamentos dar aos nossos conselhos responsáveis pelas políticas acadêmicas de graduação e de pós-graduação para que este novo modelo de gestão educacional aconteça? E que encaminhamentos dar à legislação superior nesta área? Basta apenas criar cursos a distância (de graduação ou de pós-graduação) e não ter políticas de ação efetivas na transformação dos próprios cursos presenciais? Por que deixar tais transformações apenas nas mãos dos professores isolados em seus redutos das salas-de-aula? A implementação de tal política acadêmica não implicaria o redesenho dos espaços físicos – dos prédios e das salas-de-aula, e da programação da oferta de disciplinas em grades de horário? Como operar isso? 
Para a palestrante não é somente uma questão de mesclar processos presenciais com não presenciais, mas de transformar a própria estrutura acadêmica de nossas universidades. 
Ficou claro que a condição fundamental para a educação a distância é a viabilidade do trabalho nacional em rede e uma ação política efetiva para a metodologia. E uma das principais conclusões deste Congresso é a de que nos próximos anos deverá haver uma crescente convergência entre o ensino presencial e o não presencial, e fica o alerta de que é preciso fazer com que o não presencial recrie a riqueza das possibilidades de aprendizagem do bom ensino presencial.
REFERÊNCIA
I Congresso Brasileiro de Educação Superior a Distância (I ESUD), 26, 27 e 28 de março de 2002 em Petrópolis - RJ
http://www.sead.ufrj.br/esud


 
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.

OS RUMOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) NO BRASIL


Abril/2002

No período de 26 a 28 de março de 2002, aconteceu o I Congresso Brasileiro de Educação Superior a Distância (I ESUD), congresso organizado pela UniRede - Universidade Virtual Pública do Brasil, oCederj - Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro, e a Aiesad - Asociación Iberoamericana de Educación Superior a Distancia. O evento realizou-se em Petrópolis, RJ onde pela primeira vez no país reuniram-se os principais teóricos e executores da Educação Superior a Distância desenvolvida no Brasil. Foram 50 expositores, entre especialistas estrangeiros que fizeram suas exposições para uma média de 400 pessoas. Com o objetivo de traçar diretrizes e executar ações para aprimorar a formação de recursos humanos capazes de enfrentar os desafios da sociedade da comunicação e da informação e as inovações requeridas nos novos cenários da ciência e tecnologia, demandas do novo século. 
Eduardo Machado – SESU/MEC nos informou que ao final de 2001 foi tomada a decisão no Ministério da Educação de realizar um processo de revisão da legislação e dos procedimentos de supervisão e avaliação relativos à educação superior a distância. Foi decidida e efetuada a designação, pelo Ministro, de uma comissão de especialistas para assessorar o Ministério da Educação, por intermédio de sua Secretaria de Educação Superior, na preparação de uma proposta de revisão a ser discutida com a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE) e encaminhada para decisão final e implementação.  
Foi proposto, e está em vias de contratação, um estudo, com relatório preliminar previsto para junho, e final para agosto de 2002 sobre a situação presente da educação superior a distância no Brasil, com o objetivo de subsidiar o estabelecimento de uma estratégia e política, a ser amplamente discutida, para o ensino superior a distância no Brasil. 
Esther Hermes Lück, Pró-Reitora de Assuntos Acadêmicos da Universidade Federal Fluminense; Presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras (FORGRAD); e Membro da Comissão de Estratégias Acadêmicas do Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro – CEDERJ falou sobre  referenciais, políticas institucionais e legislação da educação a distância no Brasil. Para ela a educação é uma prática social que pode dinamizar outros processos sociais importantes para a conquista de uma vida pública que se organize na busca da construção de uma sociedade inclusiva. E que a educação passa a ocupar juntamente com a política de ciência e tecnologia um lugar central e articulado na pauta das macropolíticas do Estado e para ela é imprescindível que haja hoje nas escolas uma educação para a tecnologia. Em sua opinião a Educação a Distância é mais uma modalidade de organização das atividades de ensino das instituições que pode contribuir para maior dinamização dos projetos educacionais. Para a implantação de políticas de Educação a Distância nas Universidades Brasileiras deve-se dar ênfase às políticas institucionais, políticas públicas e legislação. 
Francisco Botelho, diretor de Tecnologia Educacional e Educação a Distância da Universidade Católica de Brasília (UCB); Coordenador do Comitê Gestor da Rede de Instituições Católicas de Ensino Superior – Comunidade Virtual de Aprendizagem (CVA-RICESU); e Coordenador Geral do Convênio Internacional com Instituições Universitárias Salesianas – Curso / Aprendizagem Cooperativa e Tecnologias Educacionais, em Estilo Salesiano, nos informou que a CVA-RICESU Comunidade Virtual de Aprendizagem da Rede de Instituições Católicas de Ensino Superior é uma rede de Instituições Católicas de Ensino Superior, localizadas em diversos pontos do território brasileiro, que passa a formar uma Comunidade Virtual de Aprendizagem dentro do espírito humanista e ético.
É uma Comunidade comprometida com a diversidade e o pluralismo de idéias e visa a formação integral do ser humano e o desenvolvimento do pensamento crítico, do espírito de solidariedade, da cooperação e da autonomia por meio da construção do conhecimento. E desenvolve processos e produtos educacionais que tenham como foco a interação entre os agentes da aprendizagem na busca permanente de inovação educacional.
Segundo ele a Comunidade tem como objetivo compartilhar e oferecer novos espaços de aprendizagem mediada pelas tecnologias da informação e da comunicação, possibilitando à comunidade educacional brasileira participar de ambientes de aprendizagem e de educação permanente em diversas áreas do conhecimento.
Ariovaldo Bolzan da Universidade Federal de Santa Catarina falou sobre a individualidade no ensino a distância, dizendo que há uma quantidade e variedade de iniciativas nesta modalidade, desde atividades individuais a ações de grupos institucionais e empresariais, todas com o objetivo comum de propiciar e facilitar a construção do conhecimento. Para o palestrante a construção do conhecimento é individual e intrínseco, e é presencial. À distância as pessoas acessam dados e informações que estão disponíveis nos meios de comunicação e a partir daí é que constroem o conhecimento. Em sua opinião, por causa disso, os ambientes de ensino a distância devem considerar as individualidades, no tocante a forma de aprender, pois as inteligências são múltiplas. Daí necessitar-se de ambientes flexíveis que possam atender as mais variadas características individuais.
Liane Tarouco, professora titular no Departamento de Estudos Especializados da FACED/UFRGS; Vice-Coordenadora do Programa de Doutorado em Informática na Educação da UFRGS (Teleducação); Pesquisadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência da Computação da UFRGS (Gerência de Rede); e membro do Comitê Gestor MEC/MCT da RNP-Rede Nacional de Pesquisa falou que com o crescimento e a capilarização da Internet tornou possível utilizar novas estratégias para apoiar a aprendizagem a distância, oferecendo novas possibilidades para o processo de ensino-aprendizagem envolvendo a mediação do processo de comunicação por meio de serviços baseados no www, vídeo interativo e realidade virtual. Salas de bate-papo, mural eletrônico, quadro compartilhado, fórum, áudio e videoconferência são recursos da Internet que podem ser utilizados como suporte à comunicação, permitindo ampliar a interação e comunicação em atividades de EAD, e estes mecanismos ganham relevância na medida em que uma nova maneira de produzir conhecimento vem se instalando com o computador, colocando a possibilidade de aprender-fazendo. O educando assume uma postura ativa, interagindo, dialogando, selecionando informações e atribuindo-lhes significados.
Leda Maria Rangearo Fiorentini, pedagoga, professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, atua na área de confluência Tecnologias e Educação, em cursos de pós-graduação e graduação, ministrando disciplinas de Didática, Metodologia da Pesquisa em Educação a Distância e Tópicos Especiais de Tecnologias em Educação sobre Educação a Distância. Vem atuando na Universidade Virtual Pública do Brasil-UniRede, desde o princípio, na elaboração de seus projetos de curso; é coordenadora pedagógica do Curso a distância “TV na Escola e os Desafios de Hoje”, coordenando a produção (em colaboração) de seus três módulos (três volumes impressos e onze vídeos), além de um Guia do Curso para os alunos (impresso e vídeo) e um Manual de Orientação Acadêmica aos tutores (impresso); participa da avaliação do curso em colaboração com as universidades que o ofertam. Coordenou (em colaboração) a elaboração do texto escrito do Módulo 1: “Fundamentos Políticos de Educação e seus reflexos na Educação a Distância” do Curso de Formação em EAD, para profissionais das universidades integrantes da UniRede. A palestrante procurou explorar em sua fala as características e estratégias de elaboração, análise e compreensão de textos escritos a partir do aproveitamento de suas características expressivas e de organização das mensagens, tendo por referência o papel ativo do professor autor e do sujeito aprendiz. Para Leda o docente é responsável pela promoção da aprendizagem de estratégias cognitivas e metacognitivas que favoreçam a compreensão e a aquisição de conhecimentos a partir de textos e no fazer com que as informações e os materiais sejam usados de modo intencional, não aleatório e teleologicamente orientados  nas atividades educativas, porque não possuem um valor de per si. A experiência própria (direta) sobre a realidade e a experiência de outros indivíduos (indireta), proporcionam conhecimentos diferenciados ou nuances distintas de um mesmo conhecimento. Sua possível relevância e significação apresenta-se em função dos propósitos, das concepções norteadoras das ações e da importância para a aprendizagem pretendida, na medida em que mediam as relações e atividades dos sujeitos (professor – alunos - comunidade) e o conhecimento, organizando-se à luz dos condicionantes histórico-culturais, das relações espaço-temporais, da estrutura organizativa da comunidade e da trajetória pessoal e de formação dos participantes. Daí a relevância de se trabalhar de modo flexível, com problemas reais, adotando variadas posições de interpretação e vivenciar múltiplos papéis em contextos realistas, articulando conhecimentos declarativos, procedimentais, atitudinais, fomentando múltiplas formas de representação e a consciência do processo de autoconstrução da aprendizagem (metacognição), estimulando a busca de soluções em grupo, o diálogo entre alunos e professores e questões de estudo que favoreçam o desenvolvimento de múltiplos saberes.
Lúcia Helena Vendrúsculo Possari, Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP; Professora do Depto. de Letras da UFMT há 21 anos; Professora do Depto de Comunicação Social da UFMT (habilitação Rádio e TV), desde 1997; Professora do Mestrado em Educação da UFMT (área: educação e linguagens) desde 1989; e Coordenadora da Comissão de Exame Vestibulares – CEV da UFMT desde março de 2000. Também foi Coordenadora e Professora do Mestrado em Educação da UNIC de 1998 até agosto de 2000. A palestrante discutiu as condições de produção de material didático para EAD. Para ela são pontos básicos: o Plano de Produção, Plano da Recepção e Conceitos de Interação/Interatividade.
Para Lúcia Helena a educação a distância é aquela que propõe a construção de conhecimentos elaborados, num processo dialógico em que os pólos interajam para a produção de sentidos. Daí a necessidade de se construir significados na materialidade de textos verbais, não verbais, impressos ou para a rede. Esse processo deve dar estrutura, edificar, fabricar, dispôs, arquitetar, formar, conceber, elaborar. A construção é determinada pela situação comunicativa, pelas identidades sócio-históricas dos participantes (autor-professor/leitor-aluno) assim como dos objetivos da interlocução.
Ilda Estella – UFPA, versou sobre a construção e (re)construção de conhecimentos sobre a auto-avaliação institucional inserida no contexto da educação a distância, partindo do pressuposto de que a avaliação institucional deve ser um processo democrático, reflexivo, crítico e co-participado pela comunidade acadêmica. Para ela a avaliação é um mecanismo social, que amplia as bases do conhecimento sobre a realidade para reorientar e indicar possíveis soluções para o aperfeiçoamento institucional.
Para Ilda é preciso traçar um elo entre  a pesquisa-ação e a auto-avaliação de instituições de ensino de educação superior a distância, fundamentada numa forma de avaliação  co-participativa, propiciando melhores condições para a  análise contextual e a adequada tomada de decisões, configurando-se a instituição como um espaço sócio-relacional e unidade nuclear de mudança em que interagem  seus membros gerando princípios e regras para uma  prática inovadora. 
Para Maria Lúcia C. Neder – UFMT a EAD possui características e peculiaridades próprias que vão determinar os caminhos a serem percorridos na busca de compreensão da realidade a ser avaliada. Para ela antes mesmo de se definir os elementos, os percursos, os métodos, os instrumentos que devem ser trabalhados no processo de avaliação ligada à EAD, é necessário que se tenha presente que a avaliação é uma prática educativa, assim é preciso reflexões e compreensões a respeito da educação que é uma prática social capaz de dinamizar outros processos sociais importantes. Assim para a palestrante a educação deve ter como finalidade maior contribuir para a emancipação de sujeitos históricos, capazes de construir seu próprio projeto de vida e atuar, significativamente, na construção de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais equânime, mais democrática e mais humana. Desta forma a educação tem que ser organizada e desenvolvida como ação planejada tanto no plano político como no plano pedagógico. Portanto qualquer processo de avaliação deve ser referendado por propostas consubstanciadas em Projetos Políticos Pedagógicos que é a forma como a ação educativa se desenvolve. Desta forma o projeto deve ter como objetivo propiciar condições para uma formação que abranja não só a dimensão da competência em termos de conhecimentos técnico-científicos exigidos pelo mundo do trabalho, mas também a dimensão da competência política, social, cultural, ética e humanistica que a formação do cidadão requer. E todo o Projeto Político Pedagógico deve ser construído e vivenciado por todos os envolvidos no processo educativo, tendo como elementos fundamentais as finalidades, a estrutura organizacional, o currículo, o processo de gestão e a avaliação.
Para Maria Lúcia num processo de avaliação de um Projeto de Educação a Distância duas dimensões devem ser trabalhadas: a proposta pedagógica do curso (diretrizes, princípios, proposta curricular) e a modalidade de organização do curso (rede de comunicação e processo de gestão)
Elizabeth Rondelli (rondelli@ufrj.br) da Universidade Federal do Rio de Janeiro levanta para efeito de discussão algumas questões sobre a passagem do ensino presencial ao não presencial. Para ela não devemos continuar tratando a educação a distância como algo separado da educação presencial, mas buscar a construção de políticas acadêmicas para que essa dicotomia não seja tão radicalmente expressa. Segundo Elizabeth nos currículos e disciplinas do ensino superior presencial há rígida temporalidade dos semestres e carga horárias semanais, assim como do currículo como um todo. Esta temporalidade é estabelecida pela noção da presença e da organização do período em dias da semana, número de meses/semestre, ano letivo, avaliação, férias. A palestrante deixa algumas indagações, dentre outras, tais como: Como operar novos modelos a partir de uma gestão acadêmica em que o conceito de organização temporal é tradicionalmente tão arraigado? E os conceitos de disciplina e currículo, tal como adotamos tão acrítica e naturalmente, é adequado? Como migrar conjuntos de disciplinas e currículos presenciais para não-presenciais? Como impedir que os cursos de educação a distância não sejam ghetos isolados nas universidades presenciais? O uso intensivo dos laboratórios de informática na graduação é uma solução adequada? Como poderiam ser incrementados? Que atividades poderiam ser neles programadas? Como novas noções de freqüência a disciplinas e ao desenvolvimento dos currículos poderiam ser incorporadas? Com uma nova abordagem, como contar a carga horária e a produtividade docente? Como quantificá-la e como qualificá-la? Como considerar a carga horária do trabalho não presencial do professor e do aluno? Como medir o tempo para efeito de carga horária das disciplinas e dos currículos?
Estabelecer núcleos de produção de materiais didáticos em diversas áreas de conhecimento seria uma solução? Como funcionariam, o que produziriam, como seriam colocados como apoio à oferta das disciplinas? Se a virtualização de disciplinas ou de seus conteúdos é almejada, é possível ter um banco de materiais digitais para o aprendizado? A quem pertenceria esses bancos, quais os domínios dos direitos autorais sobre eles? Como superar o modo de organização taylorista do trabalho dos nossos cursos presenciais para outro modelo de gestão radicalmente diferente, de modo a não torná-los tão anacrônicos em relação às novas características organizacionais dos setores produtivos de um modo geral? Que encaminhamentos dar aos nossos conselhos responsáveis pelas políticas acadêmicas de graduação e de pós-graduação para que este novo modelo de gestão educacional aconteça? E que encaminhamentos dar à legislação superior nesta área? Basta apenas criar cursos a distância (de graduação ou de pós-graduação) e não ter políticas de ação efetivas na transformação dos próprios cursos presenciais? Por que deixar tais transformações apenas nas mãos dos professores isolados em seus redutos das salas-de-aula? A implementação de tal política acadêmica não implicaria o redesenho dos espaços físicos – dos prédios e das salas-de-aula, e da programação da oferta de disciplinas em grades de horário? Como operar isso? 
Para a palestrante não é somente uma questão de mesclar processos presenciais com não presenciais, mas de transformar a própria estrutura acadêmica de nossas universidades. 
Ficou claro que a condição fundamental para a educação a distância é a viabilidade do trabalho nacional em rede e uma ação política efetiva para a metodologia. E uma das principais conclusões deste Congresso é a de que nos próximos anos deverá haver uma crescente convergência entre o ensino presencial e o não presencial, e fica o alerta de que é preciso fazer com que o não presencial recrie a riqueza das possibilidades de aprendizagem do bom ensino presencial.
REFERÊNCIA
I Congresso Brasileiro de Educação Superior a Distância (I ESUD), 26, 27 e 28 de março de 2002 em Petrópolis - RJ
http://www.sead.ufrj.br/esud


 
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL II


NOVEMBRO/2001

Segundo MORAN, vivemos hoje em uma sociedade em permanente mudança e isso faz com que a educação se torne um processo cada vez mais complexo. Ensinar e aprender com o uso das novas tecnologias é um desafio, somos desafiados a encontrar novos modelos, usando a televisão ou a Internet, pesquisando textos, recebendo e enviando mensagens, divulgando trabalhos. O papel do professor, tanto na educação presencial como na educação a distância vai se ampliar significativamente. Se antes o professor era um informador, que ditava conteúdos, hoje ele é um orientador da aprendizagem, um gerenciador de pesquisa e comunicação dentro e fora da sala de aula. A Educação a Distância é um processo de ensino-aprendizagem no qual professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias impressas, sonoras, audiovisuais ou telemáticas.
Vamos encontrar hoje a educação presencial, a educação semipresencial e a educação a distância. A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas vai acontecer fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e/ou no tempo, podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação. Dependendo da área de conhecimento, das necessidades concretas do currículo ou mesmo para melhor aproveitamento de especialistas pode-se oferecer cursos predominantemente presenciais ou predominantemente virtuais.
 Hoje são encontrados modelos de cursos em vários formatos: textos impressos, programas de rádio ou televisão, fitas de áudio e vídeo, programas de computador, Cd-rom, DVD, na Internet.
Muitos cursos a distância utilizam material impresso como o Instituto Universal Brasileiro em seu ensino por correspondência. O correio é ainda, neste país tão desigual como o nosso, a forma de comunicação mais freqüente. A televisão já é uma mídia para cursos de impacto imediato, direcionados para milhares de pessoas, como é o caso dos telecursos. Para o autor uma experiência interessante e consolidada de educação continuada e a distância é o programa Salto para o Futuro, produzido pela TV Escola – SEED/MEC. É um programa diário, com a duração de uma hora e apresenta séries, geralmente semanais, de debates e conversas sobre um determinado tema de interesse dos professores brasileiros. Recebe perguntas ao vivo, por telefone, fax, e-mail ou carta. Os professores recebem os textos antes dos programas e estudam, depois assistem os programas juntamente com os colegas, em telessalas. Os grupos obtêm melhores resultados de aproveitamento quando possuem um tutor/orientador de aprendizagem. O autor cita ainda o curso “TV na escola e os desafios de hoje” que conta com 35 mil professores matriculados provenientes de escolas públicas de Ensino Médio e Fundamental de todo o Brasil, promovido pela Secretaria de Educação a Distância (SED/MEC) em parceria com a UniRede – Universidade Pública Virtual Brasileira. É um curso sob a coordenação da Universidade de Brasília e desenvolvido em conjunto com outras 25 universidades públicas do país. Este curso tem como objetivo qualificar professores ou outros profissionais das instituições públicas de Ensino Fundamental para melhor utilização dos recursos proporcionado pelas novas tecnologias de comunicação e informação no cotidiano escolar, com ênfase na comunicação educativa audiovisual (TV e vídeo).
Existem cursos oferecidos por vídeo ou CD-ROM. Outros cursos utilizam a teleconfe­rência, que é como uma aula multiplicada em tempo real em várias salas simultaneamente (recebida numa televisão ou telão) e com alguma interação possível (telefone, e-mail) e videoconferência (que permite, além da teleconferência o retorno com som e imagem e a possibilidade de transmitir de vários pontos simultaneamente). O Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina tem uma sólida experiência no uso de vídeo e teleconferência.
A novidade hoje é a Internet. O professor disponibiliza o seu curso na Internet, orienta as atividades dos alunos, incentiva-os a criar suas páginas, participarem de pesquisas em grupos, discutirem assuntos em fóruns ou chats. Para o autor a Internet abre um horizonte inimaginável de opções para implantação de cursos a distância, pois tem a capacidade de construir comunidades virtuais de aprendizagem.
 A escolha das mídias está ligada ao público alvo a ser capacitado, seus recursos tecnológicos e habilidades no uso dos mesmos, distribuição geográfica, além da relação custo/benefício. No Brasil, devido a diversidade tecnológica, de infra-estrutura e cultural, diversas mídias coexistirão por muito tempo: do carreio à videoconferência. O nosso país está apenas iniciando neste campo da educação a distância com o uso das novas tecnologias da informação e da comunicação. Nossa experiência é com a educação a distância via correio, rádio e televisão. Temos ainda poucos profissionais capacitados para preparar e gerenciar cursos de Educação a Distância. Estamos ainda aprendendo fazendo, experimentando, pesquisando. A maior parte dos cursos de Educação a Distância apresenta baixos níveis de interação entre professores e alunos e dos alunos entre si. A interação não vai além de se disponibilizar o conteúdo numa página com alguns exercícios que o programa corrige automaticamente. Em alguns outros já há momentos de consulta por telefone, e-mail e chats. Para se criar um curso de qualidade com bom nível de interação tem que ter um número satisfatório de tutores para grupos de alunos, que ficam mais tempo à disposição e que organizam as atividades didáticas também em grupos, orientando os alunos para pesquisarem juntos, trocarem experiências e resultados. MORAN afirma que “até agora predominam os cursos de curta duração em Educação a Distância: cursos livres, de extensão, de atualização. São mais fáceis, as organizações arriscam menos, são úteis para aprender a gerenciar processos de EAD. Há uma demanda por educação contínua na educação escolar (formação de professores em serviço) e nas empresas (educação corporativa, “treinamento”). Algumas organizações econômicas estão optando por assumir elas mesmas o processo de educação contínua (universidades corporativas) e estão optando por fórmulas presenciais, semipresenciais e totalmente a distância, dependendo do curso”.
A segunda área de oferecimento de cursos é na pós-graduação lato sensu, são cursos de especialização, de aproximadamente 360 horas e que exigem pouca burocracia para serem implementados. O que importa é a qualidade dos docentes e a certificação por uma universidade de renome. São cursos considerados livres, independentes de autorização para funcionamento ou reconhecimento por parte do MEC, a não ser que se queira expedir certificados com validade no sistema federal de Ensino Superior. Neste caso deve-se obedecer a Resolução n. 3, de 5 de outubro de 1999 do CNE.
Várias instituições, principalmente públicas, obtiveram autorização para implantar cursos de graduação a distância e estão em fase inicial de ofertas destes cursos. Para funcionamento destes cursos é necessária autorização formal da Secretaria de Ensino Superior (SESU) do Ministério da Educação, que exige um projeto bem fundamentado e detalhado e uma vistoria feita por especialistas para avaliar a qualidade técnica, pedagógica e financeira da instituição.
Na pós-graduação stricto sensu há uma indefinição do MEC através da CAPES – Fundação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Ainda não há nenhum curso da distância de mestrado e doutorado reconhecido.
As tecnologias telemáticas de banda larga estão colocando em xeque o conceito tradicional de sala de aula, de ensino e de organização dos procedimentos educativos. A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de som e imagem. Cada vez será mais fácil fazer integrações profundas entre a TV e a WEB. Enquanto assiste a determinado programa, o telespectador começa a poder acessar simultaneamente as informações que achar interessantes sobre o programa, acessando o site da programadora na internet e outros bancos de dados.
 Segundo o autor estamos caminhando para formas de gestão menos centralizadas, mais flexíveis e integradas. Estamos assistindo à reorganização física dos prédios: menos quantidades de salas de aula e mais funcionais, com acesso à Internet. Os alunos começam a usar o notebook para a pesquisa, para busca de novos materiais e para solução de problemas. O professor também está conectando-se em casa e na sala de aula e faz uso de mais recursos tecnológicos como materiais de apoio para motivar os alunos e ilustrar as suas idéias. Haverá mais ambientes de pesquisa grupal e individual em cada escola, as bibliotecas se convertem em espaços de integração de mídias: software, banco de dados e assessoria.
ALGUNS PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS SEGUNDO MORAN
·        Integrar tecnologias, metodologias, atividades. Integrar texto escrito, comunicação oral, escrita, hipertextual, multimídica. Aproximar as mídias, as atividades, de modo que transitem facilmente de um meio para o outro, de um formato para o outro. Experimentar as mesmas atividades em diversas mídias. Trazer o universo do audiovisual para dentro da escola.
·        Variar a forma de dar aula, as técnicas de utilização em sala de aula e fora dela, as atividades solicitadas, as dinâmicas propostas, o processo de avaliação. A repetição, a previsibilidade do que o docente sempre vai fazer pode tornar-se um obstáculo intrans­ponível. A repetição pode tornar-se insuportável, a não ser que a qualidade do professor compense o esquema padronizado de ensinar...
·        Planejar e improvisar, prever e adaptar-se às circunstâncias, ao novo. Diversificar, mu­dar, adaptar continuamente a cada grupo, a cada aluno, quando necessário.
·        Valorizar a parte presencial no que ela tem de melhor e a comunicação virtual no que ela nos favorece. Equilibrar a presença e a distância, a comunicação olho-no-olho e a telemática.
Para o autor a mudança é lenta, tanto no ensino presencial como na educação a distância. Não é fácil mudar padrões arraigados como os de ensinar, que perduram por séculos. Há uma burocracia asfixiante nas diversas organizações que gerenciam a educação. Nosso país oferece um cenário com extremas desigualdades econômicas, culturais e regionais, o que pode dificultar a implantação rápida de inovações.
MORAN vai dizer que “nosso desafio maior é caminhar para um ensino e educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam em si mesmas essa integração do sensorial, do intelectual, do emocional, do ético e do tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando”.
E para ele a educação de qualidade é cara e pressupõe investimentos pesados na infra-estrutura, em produção, em tecnologias e em interação com professores e tutores. Muitos alunos não estão prontos para estudarem sozinhos, faltam-lhes autonomia e maturidade. A Internet e demais tecnologias apenas nos ajudam a realizar o que já fazemos ou o que desejamos fazer. Ela potencializa o que já somos.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Professor de Novas Tecnologias na USP e na Universidade Mackenzie.

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL


Setembro/2001


A educação a distância propicia uma educação permanente, atualizando sempre o profissional, atendendo desta forma uma demanda da sociedade atual. No Brasil tem havido alguns empreendimentos para a consolidação da educação a distância, especialmente a partir de 1994, ano em que foram definidas as diretrizes políticas para esta modalidade, pelo Ministério da Educação e Desportos – MEC que criou o Sistema Nacional de Educação a distância – SINEAD, juntamente com Instituto Interuniversitário de Educação Continuada e a Distância – BRASILEAD, formado pelo conselho de reitores das universidades brasileiras, no momento em que as universidades públicas se articulam com o objetivo principal de colaborar com os governos federal, estadual e municipal no aumento e diversificação da oferta das oportunidades educacionais no país através da SINEAD e do BRASILEAD, compromisso firmado do MEC e das universidades por ocasião do Plano Decenal de Educação – 1993 – 2003, e nas Diretrizes Políticas para Educação a distância, de 1994. Atualmente os projetos estão sendo desenvolvidos pela Secretaria de Educação a Distância – SEED/MEC.
Segundo a autora a Universidade de Brasília vem se destacando dentre as universidades brasileiras no trabalho de educação a distância no tocante ao ensino superior no Brasil, com o “Curso de Especialização em Educação Continuada e a Distância” que representa uma efetiva contribuição à qualificação docente com o objetivo de formar equipes de pesquisa e criar projetos de educação a distância.
O ensino a distância é flexível, o que a princípio dá maiores condições dos alunos se manterem estudando, se compararmos com os cursos convencionais.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Ruth Gonçalves de Faria Lopes
Universidade de Brasília/Faculdade de Educação/
Departamento de Planejamento e Administração
                                          

 
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COM O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS


Janeiro/2002

Podemos definir Educação a distância como sendo um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. Pode-se utilizar para tal o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax, a Internet.  
Temos hoje a educação presencial (cursos regulares, em qualquer nível, onde professores e alunos se encontram sempre em um local físico denominado de sala de aula), educação semipresencial (esta acontece em parte na sala de aula e a outra parte a distância, usando recursos tecnológicos), e a educação a distância (que pode ter ou não momentos presenciais). Esta modalidade acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação. Pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino regular: fundamental, médio, superior e na pós-graduação. É mais adequado para a educação de adultos, principalmente na graduação e na pós-graduação. No Brasil a maior parte das instituições que oferece educação a distância, promove também a educação presencial.  
O cerne de toda e qualquer educação deve ser a interação e a interlocução entre todos os envolvidos no processo. Com as tecnologias interativas isso está sendo possível na educação a distância. Com o avanço das tecnologias de comunicação virtual o conceito de presencialidade se altera. E muda também o conceito de curso, de aula, que passa a existir em um tempo e em um  espaço cada vez mais flexíveis. Poderemos estar todos presentes em muitos espaços diferentes. A aula passa a ser entendida como pesquisa e intercâmbio. O papel do professor assim é redimensionado, ele se torna um animador e incentivador dos alunos na aventura do conhecimento. Com isso deverá haver uma reorganização do espaço físico das escolas: edifícios menores, menos salas de aula, mais salas ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. A casa e o escritório passam a ser também locais de aprendizagem. Teremos aulas à distância com possibilidade de interação on line (ao vivo) e aulas presenciais com interação à distância. Esse processo de mudança na educação a distância não é uniforme e nem fácil, devido a grande desigualdade econômica,  de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. É difícil mudar padrões adquiridos sejam gerenciais ou atitudinais das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. É de maior relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e à mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora.
  

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

  
O que é educação a distância
José Manuel Moran
Doutor em Comunicação pela USP
Professor de Novas Tecnologias no Curso de Televisão da USP
(Publicado em www.tvebrasil.com.br/salto/distancia/default.htm#a)

 
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor Facilitador pelo PROINFO – MEC.

COMPETÊNCIAS DE UM ESTUDANTE DA EaD


Janeiro/2011

Um estudante da EaD há que ter uma postura ativa na busca, aquisição e seleção de informações significativas, explorando, refletindo, interpretando e depurando as idéias, de acordo com seu estilo de pensamento. Necessita de muita atenção e concentração, pois o controle do aprendizado está em grande parte em suas mãos. Deve ter uma capacidade colaborativa e estar sempre pronto à interatividade com a máquina, a plataforma e todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem de um curso.
Sua característica essencial é a autonomia, criando seus próprios métodos de aprendizagem, desenvolvendo técnicas de estudos, buscando informações com o grupo e compartilhando seu saber construído. É um autogestor do conhecimento, que diante de tantos dados e informações sabe fazer a seleção dos mesmos, realizar uma síntese desse material selecionado, e ter capacidade de compartilhar esse seu aprendizado construído no coletivo.
Estar sempre atento para atuar no curso de forma reflexiva e crítica, aprofundando-se no tema e buscando fluência no assunto investigado. O estudante no ambiente virtual de aprendizagem é antes de tudo um autodidata. É o responsável diário pela sua autoavaliação, pelo seu próprio desenvolvimento. E é ele que define o seu ritmo de aprendizagem. É o sujeito ativo de seu conhecimento, dentro de seu tempo e espaço próprios.
Deve ter um certo amadurecimento intelectual e emocional, e ser curioso, entusiasta e aberto sempre para novos enfoques dentro dos diversos assuntos, com capacidade de trabalhar junto no ambiente virtual de aprendizagem, de forma cooperativa e colaborativa. Sempre num processo de ação-reflexão-ação, buscando a efetivação do conhecimento, associando teoria e prática.
Liberto de barreiras hierárquicas, permitindo que a aprendizagem se desenvolva sem maiores formalidades, cultivando a criatividade.
  
REFERÂNCIA BIBLIOGRÁFICA

AULA INAUGURAL. Mídias na Educação. Universidade Federal de São João del Rei, pólo de Sete Lagoas – MG,  25 de setembro de 2010.

MORAN, José Manuel. As múltiplas formas do aprender. Atividades & Experiências,  julho 2005. (entrevista)
MOTTA, Elias de Oliveira. Educação a Distância. GOMES, Candido Alberto (org.)
A nova LDB: uma lei de esperança. Brasília: Universa - UCB, 1998.
ROCHA, Marise Maria Santana da, et all. Introdução à educação a distância2ed.
UFSJ, MEC / SEED / UAB, 2010.


[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1° e 2° grau e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2° grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC NET MG2. Pós-graduando em Mídias na Educação.

AS NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Dezembro/2001

Para HACK verifica-se atualmente a presença das novas tecnologias de comunicação nos mais diversos ambientes propondo uma mudança dos paradigmas de tempo e espaço e inserindo outros desafios na pauta de discussões. É uma espécie de revolução silenciosa, marcada pelo desenvolvimento conjunto das telecomunicações, da informática, da automação do escritório, dos satélites, dos robôs e da eletrônica de lazer.
Juan Diaz Bordenave[2] vai definir novas tecnologias de comunicação, em 1991 como novos métodos e técnicas empregados na criação, armazenamento, seleção, transformação e divulgação das informações, destacando três campos entre as novas tecnologias: computação, microeletrônica e as telecomunicações. Essas  novas tecnologias passaram a adotar a utilização de códigos digitais binários, que proporcionam maior número de informações em períodos de tempo menores. A substituição das válvulas pelos microprocessadores (chips) e a mudança dos cabos metálicos por fibras óticas, e ainda o uso de ondas de alta freqüência, possibilitaram a transmissão e o armazenamento de enormes quantidades de informação em alta velocidade e com significativa redução no consumo de energia.
HACK vai caracterizar as novas tecnologias da comunicação como “a forma de realizar a tarefa comunicacional com agilidade, podendo ser identificada também como uma nova maneira de transmitir, com mais fidelidade, as informações. Não se esquecendo que é preciso analisá-la sob o prisma dos impactos sociais, políticos, econômicos e culturais causados pela implantação tecnológica em países menos desenvolvidos”.
Segundo o autor, Barros Nunes[3] vai definir a educação a distância como uma sistemática de auto-estudo que pode ser realizada através dos meios de comunicação. É uma maneira de ensinar onde existe uma separação física entre professor e aluno, mas que prevê a intercomunicação e possibilidade de encontros periódicos entre as partes. E NOGUEIRA[4], em 1996, segundo o autor, vai dizer que se trata de uma forma de ensino que proporciona ao aluno que não tem condições de comparecer diariamente à escola a oportunidade de adquirir os conteúdos que são repassados aos estudantes da educação convencional. Possibilita a eliminação das distâncias geográficas, econômicas, sociais, culturais e até mesmo psicológicas. E ainda proporciona ao aluno a organização do seu tempo de estudo, sem limitações físicas.
O professor Pedro Demo[5] em 1994 vai fazer uma distinção entre os termos “educação a distância” e “ensino a distância”. Para ele a educação a distância será parte natural do futuro da escola e da universidade. Ensino a distância seria uma proposta para socializar informação, transmitindo-a de maneira mais hábil possível, e educação a distância, por sua vez, exige aprender a aprender, elaboração e conseqüente avaliação. Pode até conferir diploma ou certificado, prevendo momentos presenciais de avaliação. Para ele os cursos de aperfeiçoamento serão futuramente quase todos a distância. 
A terminologia educação a distância é portanto mais abrangente e implica não somente na transmissão de informação, mas também no processo de construção do conhecimento. Trata-se de refletir de forma crítica e criativa sobre a própria percepção e apreensão da informação, segundo o autor. E precisamos segundo ele     empreender uma busca pela melhoria da educação utilizando-se as novas tecnologias de comunicação nessa democratização e popularização do ensino de primeiro, segundo e terceiro graus no Brasil.  
Arnaldo Niskier[6] vai dizer em 1993 que “ao se introduzir a mídia em uma escola ou então ao se discutir a contribuição das tecnologias recentes na educação a distância, muitos professores se opõem com medo de perder seu espaço. Entretanto, é necessário analisar criticamente esta questão e evitar os "mal-entendidos":  Entende-se que as novas tecnologias poderão a vir substituir o professor em classe. Porém o que ocorrerá é que o mestre, com a implantação das novas tecnologias na educação será liberado de funções menores para poder finalmente exercer o seu grande papel de orientador e conselheiro. Para NISKIER[7] “o desenvolvimento da eletrônica e da cibernética permitirá que a educação à distância suplante totalmente o sistema convencional de ensino, mas antes haverá necessidade de uma clara mudança de mentalidade, que permita o uso maciço do rádio, da televisão, do cinema, da máquina de ensinar, dos projetores, do computador e do satélite. Só com o emprego inteligente desse instrumental poderá ser vencida a batalha dos números e da qualidade em nossa educação”.  
Para HACK o rádio tem exercido seu papel de um meio de comunicação de massa cuja importância na educação a distância tornou-se destacada devido a sua abrangência e praticidade, assim como a televisão que pode ser empregada com sucesso na educação a distância.

Em 1996 o professor Ismar de Oliveira Soares[8] vai dizer que "educar com e através do rádio, da TV, do jornal, do computador e de todo e qualquer recurso ou veículo de comunicação passa a ser, hoje, questão de exercício e de prática de direitos de cidadania". Isso é válido não só para a modalidade a distância, mas também para a educação presencial. E não se pode esquecer da importância da capacitação dos professores que trabalham com a mídia.

Um dos grandes desafios atuais dos setores que trabalham com a educação é a introdução das novas tecnologias no cotidiano da escola. Para isso é preciso se prever a criação de centros de capacitação de professores para a utilização de computadores e vídeo em sala e aula, sempre observando as limitações topográficas e culturais de cada região.
Para o autor, o  computador, por sua flexibilidade e amplitude de recursos, apresenta-se atualmente como uma ferramenta indispensável para o professor que pretende dinamizar suas aulas. Citando a jornalista e mestre em História e Filosofia da Educação Dora Incontri[9] (1996) ele vai dizer que, segundo ela, a utilização do computador pode contribuir para saltos significativos no processo educacional. Ela mostra que o CD-Rom adquiriu características de uma nova espécie de livro que contém, além da mensagem escrita, imagens e sons. Salienta ela que no processo tecnológico vivido atualmente, o homem precisa sentir-se o sujeito das mudanças, pois a tecnologia é apenas um impulso para que a humanidade empreenda uma nova revolução.
Desta forma o autor vai afirmar que a utilização da multimídia passa a ser um grande aliado para a educação a distância. “Mensagens e aulas completas podem ser repassadas aos alunos que residem longe dos estabelecimentos de ensino através de CD-Rom ou disquetes. O estudante não precisa se deslocar até a escola. Basta apenas adquirir o material,  ter a ferramenta em sua casa para operar as atividades e, naturalmente, investir no aprendizado”. E a Internet vai combinar as formas comunicacionais  de todos e cada um dos meios que a precederam.

Segundo HACK em 1984 surgiu o primeiro projeto oficial no Brasil com vistas a informatizar a Educação, através da EDUCOM, projeto de iniciativa do MEC e outros órgãos federais, com o intuito de fomentar a pesquisa e a formação de recursos humanos para a futura implantação de computadores nas escolas da rede pública de ensino. Em l986 criou-se um programa para capacitar professores e dar suporte técnico para as secretaria estaduais da Educação, escolas técnicas e universidades: o FORMAR I. Este primeiro curso oficial teve boa repercussão e foram criados centros de informática em diversos estados do país, voltados para as necessidades de cada região, mobilizando também os municípios. Com essas iniciativas em 1995 já existiam aproximadamente 400 laboratórios de informática em escolas estaduais e municipais e mais de 10 mil professores estavam preparados para trabalhar com a informática. Em 1996 o Governo Federal, através do Ministério da Educação e Desportos anunciou o Projeto Especial de Informática. Este projeto previa um investimento de R$300 milhões com o intuito de distribuir 230 mil computadores para o ensino. Cada escola pública do país com mais de 300 alunos teria ao menos dez computadores. Imprensa e especialistas fizeram com que o projeto passasse por várias revisões antes de sua aplicação apontando a necessidade do treinamento dos professores antes da distribuição dos computadores, pois não basta constatar a importância e a viabilidade da utilização de ferramentas como o computador na educação, é preciso discutir com os pares e observar criticamente cada contexto para que se busque a maneira mais adequada às características regionais.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


Josias Ricardo Hack 

Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

 
[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das matérias pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.
[2] BORDENAVE, Juan Diaz. As Novas Tecnologias de Comunicação e a Educação à Distância. In: BALLALAI, Roberto (org.). Educação à Distância. Niterói, Grafcen, 1991. 
[3] NUNES, Ivônio Barros. Noções de Educação a Distância. In: BARRETO, Lina Sandra (org.). Projeto CEAD/UNOESC. Fundamentos da Educação a Distância. Leituras Obrigatórias. Brasília, Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância, sem data, p.02-23. 
[4] NOGUEIRA, Luís Lindolfo. Educação a Distância. Comunicação & Educação. São Paulo, Moderna, Ano II, n.5, jan./abr., 1996, p.34-9. 
[5] DEMO,Pedro. Pesquisa e Construção de Conhecimento: Metodologia Científica no Caminho de Habermas. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1994, 125p. 
[6] NISKIER, Arnaldo. Tecnologia Educacional: Uma Visão Política. Petrópolis, Vozes, 1993, 182p. 
[7] idem.
[8] SOARES, Ismar de Oliveira. A Televisão e as Prioridades da Educação. Comunicação & Educação. São Paulo, Moderna, Ano II, n.6, mai./ago., 1996, p.22-8. 
[9] INCONTRI, Dora. Multimídia na Educação. Comunicação & Educação. São Paulo, Moderna, Ano III, n.7, set./dez., 1996, p.16-20.